Fui questionado ontem em um blog do qual sigo de divulgação cientifica, sobre o Behaviorismo Ignorar o corpo, dando atenção somente ao aprendizado por contingências de reforçamento.
Um grande mal entendido a meu ver que ocorre entre os analistas do comportamento e seus críticos é sobre o conceito de Resposta.
Quando Skinner iniciou seus estudos em Psicologia Experimental, ele era um behaviorista metodológico da mesma forma que Watson. Para os Behavioristas Metodológicos Resposta (que Skinner em 1953, já achava inadequado) era qualquer movimento do organismo.
Para os Behavioristas Metodológicos "Resposta" era qualquer movimento do organismo.
Além do mais, para os primeiros behavioristas Comportamento era Sinônimo de Resposta, o que logo em seus primeiros estudos faz questão de diferenciar.
Skinner logo quando lança suas agendas de pesquisa diferencia Comportamento de Resposta, sendo R qualquer alteração no organismo e Comportamento a relação funcional entre essa resposta e algum evento ambiental (Estímulo).
Comportamento para Skinner é a relação entre S-R e R-S, e não apenas R, como os Behavioristas Metodológicos prescreviam.
Outro ponto importante a se observar é de que, para Skinner resposta é sempre do organismo "RO", considerado intacto, como um todo, e não uma expressão de alguma parte deste organismo.
Esse ponto é o mais importante. Toda resposta é do e é o organismo, o responder é uma forma de funcionamento do organismo como um todo, envolvendo grande parte de seus órgãos, músculos e principalmente o sistema nervoso.
"Resposta não acontece em um vácuo mas é uma forma de funcionamento do Organismo como um todo"
Em uma contingência de reforçamento quando a taxa de respostas aumenta, dizemos que o responder foi reforçado (Mas isso é somente parte do universo que interessa ao Analista do Comportamento), pois se olharmos sob a perspectiva de um fisiologista (ou neurocientista) vamos ver alterações anatomo-fisiológicas neste organismo como um todo e principalmente no SNC.
Em uma contingência de reforçamento quando a taxa de respostas aumenta, dizemos que o responder foi reforçado (Mas isso é somente parte do universo que interessa ao Analista do Comportamento), pois se olharmos sob a perspectiva de um fisiologista (ou neurocientista) vamos ver alterações anatomo-fisiológicas neste organismo como um todo e principalmente no SNC.
Behaviorismo Radical | Cognitivismo |
Resposta | Resposta |
Alteração no organismo como um todo (Função de variáveis externas a ela). | Movimento observável do organismo expressão de algo interno (Cognição). |
≠ de Comportamento | = Comportamento |
Só pode ser entendida em relação a um estímulo, (Integrando um Comportamento) | É todo e qualquer movimento feito pelo organismo baseado na forma aparente (Topografia). |
Equívocos nesta concepção levaram ao "mediacionismo", que dizia existir uma necessidade de um processamento entre S e R, e que esse processamento seria a parte "ignorada" pelo behaviorismo, ou seja o organismo.
O Mediacionismo baseava se em um modelo assim:
S - O - R
Em que o "O" simboliza um "processamento" interno a moda das maquinas de calcular desenvolvidas por Alan Turin. Nesse modelo as respostas seriam apenas expressões do processamento interno "cognitivo" que seria o análogo da mente. Os conteúdos mentais seriam algoritmos do cérebro que calcularia e processaria os estímulos externos (Imput) e expressaria na forma de comportamentos (outputs). Toda uma linha de pesquisa se desenvolveu a partir dessa teoria, sendo os modernos Cognitivismo e Neurocognitivismo seus filhos mais recentes.
Mas o que eles chamam de comportamento é apenas a resposta enquanto movimento, não um funcionamento global do organismo envolvendo ele como um todo. Aí começa os mal entendidos.
O Organismo para o Behaviorismo Radical já está incluído na contingência na forma de R, e ele participa dela de forma ativa o tempo inteiro, sendo função desta e não processador de imputs ou outputs.
Se existe algum processador de algorítmos esse é a própria contingência de reforçamento. Esta envolvendo o responder do organismo como um todo (RO) a consequência desse responder e que alteram a probabilidade de sua emissão e/ modificam esse organismo como um todo alterando sua anatomo-fisiologia(SR/SP), os estímulo que estavam presentes no momento do reforçamento/punição que ganham função sinalizadora (SC/SD) e os eventos que alteram o valor da consequência (MOs).
Se existe algum processador de algoritmos esse é a própria contingência de reforçamento.
A cada nova contingência de reforçamento, o organismo é alterado como um todo (incluindo sua anatomia e fisiologia), e isso é ao mesmo tempo a alteração em classe de respostas e controles discriminativos e condicionais que acontecem. A diferença é o produto do fenômeno global que se observa, e não a natureza do fenômeno.
Matos (1994/2001), afirma que quando Skinner lançou seu primeiro livro: O Comportamento dos Organismos ele cometeu uma redundância.
Ela quer dizer com isso que não existe na análise do comportamento (ou não deveria existir) a dicotomia Comportamento/Organismo, quando na verdade Comportamento e Organismo são a mesma coisa.
Partindo desse pressuposto, o dualismo mente e corpo caem por terra definitivamente, possibilitando um novo entendimento sobre como o cérebro funciona, ou mesmo áreas de estudos como a Psicossomática ou a Psiconeuroimonologias, podem ser entendidas sem fazer referências a mente.
Um exemplo: Se alguém venha a desenvolver uma gastrite "nervosa" não precisamos criar uma entidade mediadora chamada Stresse, para explicar, como um fantasma chamado sentimento "Psíquico" causa danos no "Soma" corporeo.
Mas basta apenas entendermos que em determinadas contingências aversivas, são eliciados respondentes corporais (dentre eles um aumento na secreção de suco gástrico) que preparam o organismo para enfrentar o evento aversivo. Porém, quanto estas contingências são muito freqüentes na vida do organismo, o estomago tende a não agüentar o excesso de trabalho e acaba por se danificar.
Poder-se-ia ainda, estudar como o cérebro ou SNC se modifica em Contingências de Reforçamento para poder utilizar as CDR para reparar as mesmas estruturas em pessoas com danos cerebrais como tumores ou mesmo acidentes.
E para os que dizem que o Behaviorismo Ignora a Genética, ou mesmo a hereditariedade, Skinner é bem claro em seu modelo de seleção pelas consequências que todo comportamento é função de 3 níveis de seleção:
Filogenético
Ontogenético
e Cultural (Ou Sóciogenético).
Não teríamos como aprender nada se não tivéssemos um mínimo herdado, mas o que nós herdamos foi em determinado momento novo, uma mutação, selecionada também por seu valor de sobrevivência para a espécie.
Essa compreensão de organismo como um todo a meu ver tem muito a acrescentar a medicina, a neurociência a reabilitação neurológica dentre outras áreas.
Referências:
Gostei da clareza...Mas este cérebro ficou meio cinzento neste post. Afinal, o que tem a ver medula oblonga com tudo isto?
ResponderExcluirHuahuahauhau.. foi uma ilustração bacana que achei sem efeitos especiais do tipo "Mental", to enjoado de ver cérebros with lasers...rsrs
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