sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Freud e as instâncias Psíquicas traduzidas por Skinner

Ao contrário do que muitos dizem, por incompreensão, ou desconhecimento o behaviorismo radical é sim preocupado com os temas tradicionalmente tratados pela Psicologia, como sentimento, emoções, motivação e subjetividade.
Skinner em seu livro Ciência e Comportamento Humano (1953) traduz termos da psicologia tradicional e mesmo da psicanálise, que originalmente se referem a instancias e estados internos em contingências de reforçamento, contingencias sociais e comportamento verbal do psicólogo teorizador.



Logo abaixo tem uma amostra de sua brilhante análise dos constructos internos de Freud: Id, Superego e Ego.
“Freud concebia o ego, superego e o id como agentes distintos dentro do organismo. O id era responsável pelo comportamento que em última instância fosse reforçado com alimento, água, contato sexual, e outros reforçadores biológicos primários. Não era muito diferente do Adão da teologia judaico-cristã, egoísta e agressivo, preocupado com as privações básicas e indiferente às necessidades semelhantes por parte dos outros. O superego – a “consciência” da teologia judaico-cristã – era responsável pelo comportamento que controlava o id. Usava técnicas de autocontrole adquiridas do grupo. Quando estas eram verbais constituíam a “voz da consciência”. O superego e o id opunham-se inevitavelmente um ao outro, e Freud concebia-os quase sempre como em conflito violento. Apelou ainda para um terceiro agente – o ego – que além tentar alcançar um acordo entre o id e o superego, também lidava com as exigências práticas do ambiente. Podemos discutir qualquer análise que apele para um eu ou uma personalidade como um determinante interior da ação, mas os fatos que foram representados por estes estrategemas não podem ser ignorados. Os três eus ou personalidades do esquema freudiano representam características importantes o comportamento em um meio social” (Skinner, 1953, p. 284-285).
Ou seja, Freud ao teorizar transformou algo que observava (o relatar e o responder de pacientes relacionado ao histórico de vida desses e a contingências atuais de reforço, punição e etc.) em algo interno ao organismo que causaria tal sofrimento.
Assim como outros teóricos como Piaget, Rogers, dentre outros. O que fizeram não foi descobrir algo interno, mas com base em suas observações emitir comportamentos verbais chamados teorias e dar a essas teorias realidade e substância e "deduzir" que estas estavam dentro do sujeito em algum mundo imaterial.
Isso é chamado de Mentalismo por Skinner, e de Erro Categórico por Ryle, mas isso é assunto para futuros posts.



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