Ontem na aula de Psicologia e Práticas Educacionais, a professora ensinou alguns métodos adotados por professores que se denominam construtivistas, embasados pela teoria de Jean Piaget.
Achei muito interessante e gostaria de fazer uma releitura comportamental destes métodos.
Segundo a teoria de Jean Piaget, o conhecimento é construído pelo organismo em interação com seu meio ambiente por meio dos processos de DESEQUILIBRIO (problemas que acontecem quando o organismo se relaciona com seu meio que não tem uma "solução"), ADAPTAÇÃO (ou o responder deste organismo visando a solução deste problema sempre baseado em estruturas anteriores) EQUILIBRAÇÃO (em que o problema resolvido e o todo o responder aberto e encoberto tornam-se uma estrutura) que servirá de base para novas desequilibrações). Dessa forma o conhecimento vai sendo construido em um processo sem fim, em que o organismo é ativo e não passivo a inputs ou outputs do ambiente.
Pensando nisso vi grandes similaridades da teoria de Piaget com a de Skinner, que também considera o organismo ativo no processo de aprendizagem, para Skinner aprendizagem não é um processo que pode ser isolado da ação do organismo, mas sim, cada ação deste o modifica de forma a este sempre depender da modificação anterior para a emissão de novo responder.
O conceito de desequilíbrio, pode ser entendido como o responder em função de uma OME (Operação Motivadora Estabelecedora) no caso o problema que altera o valor reforçador de prováveis soluções como reforçadores negativos (o problema é uma situação aversiva e o responder visando uma solução elimina a situação aversiva, reforçando negativamente o "resolver problemas").
A ADAPTAÇÃO pode ser entendida como o responder desse organismo (que pode ser humano) já em processo de diferenciação, ficando mais provável de ocorrer na presença de determinadas classes de estimulos antecedentes ( a criança depois de algumas tentativas de resolução torna-se mais hábil, rápida e eficaz na resolução daqueles problemas ou de outros parecidos).
E a EQUILIBRAÇÃO pode ser entendida como o resolver problemas já instalado e generalizado no repertório daquele determinado organismo.
Dessa forma a meu ver Skinner pode ser incluído de certa forma na escola dos teóricos "Construtivistas" como Piaget e Vygotsky.
O Método do "Como vamos resolver esse problema?"
Os professores construtivistas não baseiam seu trabalho na trasmição de conhecimento, muito utilizado pelo modelo clássico de ensino (usado até hoje). Em que o professor passa o conteúdo, os alunos copiam e respondem a ele, o professor corrige excluindo e punindo os "erros" e premiando os "acertos".
Mas sim começam o ensino pela "necessidade" pelo "erro".
A professora citou que para o construtivista o erro não é um tropeço mas um trampolim para o conhecimento.
Darei o exemplo da alfabetização (mas que pode ser aplicado a outras áreas da aprendizagem)
O professor construtivista propõe uma atividade aos alunos que ainda não sabem escrever para que escrevam uma carta para suas mães. Criou-se uma necessidade (Desequilibração ou OME)
Qualquer resposta dos alunos de resolução desse problema aumentarão de frequência.
Mas as primeiras geralmente serão de pedir ajuda ao professor, reclamarem etc...
Então o professor age de forma a perguntar o que vocês querem escrever.
Cria-se outra situação estabelecedora, em que o aluno agora usará o seu repertório atual de comportamento verbal vocal para decidir um texto e verbaliza-lo ao professor.
O Professor então vai dizendo as letras que formam a palavra que o aluno usará e este vai testando "hipóteses" e o professor vai dizendo, isso ou quase isso. (Variação e reforço por aproximações sucessivas).
Assim o aluno vai sendo alfabetizado de forma que aquilo que ele escreve faça "sentido" para ele, sendo uma construção deste em um processo e não algo transmitido ou exigido.
Legendas para a correção de textos.
Outra estratégia muito interessante e funcional utilizada pelos construtivistas é a coluna com legendas que simbolizam possíveis erros encontrados em um texto de alunos.
Por exemplo:
O professor pede para os alunos elaborarem um texto sobre o Brasil.
João escreve um texto e apresenta ao professor. Este texto contem erros de concordância, pontuação, dentre outros.
O Professor ao invés de passar uma caneta vermelha em cima do erro, ou fazer um X, o professor põem uma coluna ao lado das linhas do caderno em que coloca um símbolo que corresponde a uma legenda de possíveis erros cometidos em um texto.
O Aluno deverá procurar qual palavra ou sentença contem este erro, o erro não será claramente apontado. No final do processo o aluno conseguirá entender o porque seu erro foi apontado entendendo a regra gramátical usada como critério, sendo capaz de generalizar esse repertório para outros textos e situações.
Ele saberá escrever corretamente e de forma autônoma e não dependente de regras "decoradas" passadas naquelas aulas chatas de gramática do ensino tradicional (do qual eu fui vítima no ensino público).
Outra ressalva é que o conceito de estrutura pode ser facilmente substituído por repertório comportamental, sendo inclusive possível uma releitura de sua obra em alguns casos de forma funcional e comportamental sem recorrer ao mentalismo ou representacionismo.
Caramba, achei DEMAIS esse método de "legendas para correção de textos"!!!
ResponderExcluirQue bom que gostou.
ResponderExcluirEu adorei tbm, ai resolvi postar.
Não é só nos meios behavioristas que se criam tecnologias legais.
Mas isso também não quer dizer que não possamos ler o trabalho dos outros a partir de nossa filosofia.