segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Contigüidade, Comportamento Supersticioso e Religião

Em um post anterior eu advoguei a respeito de um ceticismo saudável. Também em um post anterior sobre análise funcional eu expliquei um pouco sobre o problema da causalidade levantado por Hume. Neste post falarei um pouco sobre contigüidade, comportamento supersticioso e desamparo aprendido, e como esses temas se relacionam a uma problemática mais geral, a religião.




Segundo o paradigma do comportamento operante, nosso responder sempre produz conseqüências no meio e tende a ficar sobre controle dessas conseqüências. Essa relação entre resposta e conseqüência por outro lado, não está de forma alguma isolada, em um vácuo, ela acontece em um ou vários contextos específicos e não em outros.



Conforme esse comportamento ocorre, vai ficando aos poucos sobre controle desse contexto em que ocorre. Finalizamos aqui então a tríplice-contingência, a unidade básica da análise do comportamento.
Dizemos que a resposta do organismo está contingente ao contexto e as conseqüências, ou seja, existe uma relação de dependência entre eles.

Em um caso especifico de contingência de reforçamento, o responder está sob controle de sua conseqüência que tem o efeito de aumentar a probabilidade de nova ocorrência e detalha A CONSEQUENCIA É PRODUZIDA PELO RESPONDER.





Mas acontece as vezes que este responder fica sob controle de estímulos posteriores que NÃO FORAM PRODUZIDOS PELO RESPONDER.




Skinner nos dá um exemplo experimental de um pombo que, independentemente do que fazia (resposta) recebia uma pelota de alimento (reforço) a cada período de tempo fixo (Esquema de Tempo fixo ou FT).

As respostas do pombo passaram a variar de forma aleatória até se fixarem em um padrão que em nada tinha a ver com bicar o disco (resposta eficaz de produção de alimento). O alimento era apresentado independente do responder do pombo, mas este emitia uma resposta selecionada pelo estimulo posterior que não tinha nada a ver com a produção desse estimulo.

Dizemos que o estimulo estava CONTIGUO a resposta, ele independia dela, mas ela ficou sob controle dele. Skinner chama isso de Comportamento Supersticioso.

Isso acontece com o ser humano e está intimamente ligado com a crítica de Hume postada aqui, só que agora de forma experimental.

Tendemos a agir controlados não somente pelas conseqüências de nosso comportamento, mas também a eventos que acontecem depois dele, independentemente se o produzimos ou não. E costumamos por sermos organismo verbais, a atribuir causa a eventos posteriores e anteriores a algo, simplesmente porque aconteceram CONTIGUAMENTE.

É assim que religiões e pseudociências se mantém, com “curas milagrosas”, dentre outras coisas.
E como sabemos se um evento é contiguo ou contingente a nossa resposta?
A estatística pode nos ajudar nisto, basta comparar a probabilidade de respostas a probabilidade de reforços e comparar a correlação entre elas, quanto mais correlato mais contingente. Outra estratégia é programarmos um teste duplo cruzado como neste vídeo do Richard Dawkins:

4 comentários:

  1. Ótimo texto, Marcos. Com respeito ao vídeo, os estudos com gêmeos idênticos e não-idênticos no que diz respeito a suas personalidades parecem refutar o cerne da Astrologia, não acha? Vou procurá-los depois, lê-los e desenvolver um texto dentro desse polêmico tema.

    Um abraço, meu caro.

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  2. Muito simplista a análise de que a religião se mantém exclusivamente por reforçamento adventício.

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  3. Caro anônimo obrigado pela crítica, hoje tenho me aprofundado mais sobre o funcionamento do comportamento religioso e da agência controladora religiosa e cheguei a complementos que postarei aqui assim que tiver tempo.

    Mas gostaria de ouvir sua posição a respeito, pois, se acha simplista esta análise por mim apresentada, gostaria que expusesse um complemento ou algo que a derrube, pois é assim que funciona em ciência, não basta criticar, tem que se apontar uma nova direção de pesquisa.

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  4. Olá Marcos, me chamo Anna Flávia e estou cursando psicologia.....Achei muito interessante os artigos postado por você, gostaria de conhecer melhor sobre a analítica comportamental, pois é exatamente a área que quero me especializar, tentei procurar o seu email mas não conseguir...Como faço para entrar em contato? obrigada aguardo sua resposta aqui mesmo neste mural.

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