quarta-feira, 30 de março de 2011

Série "Os Behaviorismos" (2): O Behaviorismo de John B. Watson

Watson é considerado por muito o pai do behaviorismo, e é dele a origem de termo “comportamentismo”, que ele define e expõem em seu artigo lendário chamado a Psicologia como o Behaviorista a Vê.



John Broadus Watson (1878-1958) americano nascido em Nova York iniciou sua formação acadêmica no curso de Filosofia, mas desiludido com os rumos filosofia muda para a Psicologia.
Para auxiliar nas despesas, Watson trabalha como auxiliar de limpeza nos laboratórios de neurologia, em que tem contato com ratos brancos experimentais.
Doutorou-se posteriormente em Neuropsicologia, defendendo uma tese que relacionava o comportamento dos ratos ao sistema nervoso central.
Watson se interessa pelos estudos desenvolvidos por Pavlov sobre o comportamento reflexo, e passa a utilizar modelos animais cada vez mais controlados, o que o influencia posteriormente no desenvolvimento do seu sistema de Psicologia.
Pavlov foi uma grande influência de Watson
Watson também se baseia na analogia animal adotada por outras ciências como a biologia, para o estudo do comportamento humano, analogia essa baseada na teoria evolucionista de Darwin que postula que todo animal ou planta possuem um ancestral em comum, e que diferenciações ocorreram graças à seleção natural em milhares de anos, portanto quanto mais próximos (por exemplo: Ratos e Humanos por serem ambos mamíferos, e Macacos com Humanos por serem ambos Símios), maior a confiabilidade da analogia.

Essa perspectiva evolucionista posteriormente é adotada e aperfeiçoada também ao behaviorismo radical de Skinner.
Em 1913, Watson define sua proposta para a Psicologia:
“A Psicologia como o behaviorista a vê é um ramo experimental puramente objetivo das ciências naturais. Seu objetivo é a previsão e o controle do comportamento. A introspecção não constitui parte essencial de seus métodos, nem o valor científico de seus dados depende da facilidade com que eles podem ser interpretados em termos de consciência. O behaviorista, em seus esforços para conseguir um esquema unitário da resposta animal, não reconhece linha divisória entre homens e animais. O comportamento do homem, com todo o seu refinamento e complexidade, constitui apenas uma parte do esquema total de investigação do behaviorista” (p. 289).

Essa definição por si já chocou os tradicionalistas da época que definiam a Psicologia como a “ciência da consciência” do “inconsciente” ou da “mente” e que tinham por método principal a introspecção ou a “apercepção”.
Como se não bastasse Watson inicia uma longa crítica a esses métodos que ele via como ultrapassados e cheios de “vícios do observador”.
Para Watson a Psicologia devia se ater aos dados observáveis e quantificáveis, compartilhados entre múltiplos observadores. Essa postura de Watson herdeira do Positivismo Lógico faz autores posteriores, o chamarem de Behaviorista Metodológico, pois este passou a ignorar os fenômenos entendidos como “Subjetividade” por estes não serem possíveis de serem observados e compartilhados por múltiplos observadores.
A Definição de comportamento de Watson também é diversa daquela adotada posteriormente por Skinner.
Para Watson, comportamento: é o responder observável e quantificado de um organismo, que é eliciado necessariamente por um estimulo anterior.  E era esse que deveria ser para ele o objeto de estudo da Psicologia.
Ele porem não descartou os estados internos e subjetivos, mas disse não ser papel da Psicologia os estudar, pois não podem ser alcançados pela ciência (ou a visão Positivista de ciência).
Watson se pautava num Determinismo Materialista, dizendo que fenômenos materiais só poderiam ser causados por outros fenômenos materiais, não sendo possível uma ontologia diferente.
Watson então sem querer cria um dualismo na Psicologia que dá brecha para teorias mentalistas futuras como o Cognitivismo que se baseiam na perspectiva de que a mente e os estados mentais são representações analógicas de processos cerebrais.
Watson é conhecido pela postura ética duvidosa e pesquisa com bebês
Do trabalho de Watson também é conhecido sua postura ética duvidosa, e seu adesão ao American Way Life. Tornando-se após um escândalo envolvendo um caso com uma aluna, ele próprio um publicitário, aplicando o seu Behaviorismo na Propaganda, sendo um dos precursores do Marketing.
Watson foi muito importante para o desenvolvimento da Psicologia enquanto ciência, por ter dado o Start por novos métodos e perspectivas para estudá-la, e foi também um grande popularizador da mesma, tendo o behaviorismo de Watson uma alternativa a Eugenia (que embasava o racismo) que reinava nos EUA nas décadas de 20 e 30.
Watson era contra qualquer explicação baseada em “dons” ou “instintos” inatos, chegando a afirmar que se lhe dessem crianças e um ambiente altamente controlado este poderia transformar tais crianças em que quisessem.



 É inspirado no behaviorismo de Watson que o livro Laranja Mecanica e o filme homonimo são criados como crítica ao modelo behaviorista metodológico que reinava nos EUA.



E é do Behaviorismo de Watson que surge aquele que é conhecido como o maior Behaviorista, que leva as ultimas conseqüências o programa de Watson e o supera: B. F. Skinner.
Referências:

http://www.sbponline.org.br/revista2/vol16n2/PDF/v16n02.pdf#page=142

Um comentário:

  1. É legal ressaltar a GRANDE diferença do Behaviorismo Metodológico de Watson e o Behaviorismo Radical de Skinner, que leva em consideração eventos não observáveis como pensamentos, sentimentos, emoções, vontades...

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